domingo, outubro 8

A ressaca depois do voto

Apesar dos pesares (e da lei seca!!!) depois das eleições, vem sempre a ressaca. Ressaca por se tratar de uma atividade "democrática" onde, mesmo com a grande ilusão de que escolhemos nossos governantes, se pararmos para pensar (pelo menos um pouquinho) percebemos que o buraco é mais embaixo. Na verdade, o que fazemos é apenas legitimar um candidato preestabelecido por um partido. E nós sabemos (ou não sabemos?) que a escolha de um candidato feita por um partido é repleta de jogo de interesses.

Além disso ainda existem alguns "argumentos" que complicam a "democracia", como aquele velho conhecido de não querer "perder o voto". Se pararmos para pensar uma vez mais ("de novo não", alguém pode estar pensando), logo percebemos que o voto é dado de graça mesmo e que, de certa forma, sempre "perdemos" ele, já que só podemos votar uma vez a cada eleição. As pesquisas são um agravante neste caso, já que esta noção de "perder o voto" é comum nas classes mais baixas e (pasmem!!!) até mesmo em alguns professores universitários.

Prova disso são os resultados: as mesmas caras de sempre eleitas. Quando não, um que muita gente "deve favor" (político ou não). Aliás, o que é favor político mesmo? Esta noção não deveria nem existir, já que o político é eleito para servir a sociedade como um todo e não este ou aquele cidadão de forma isolada. Isso deveria ter outro nome (e até tem, mas é pouco citado): compra de voto. Na verdade, qualquer coisa que qualquer político faça, deve ser pensado no social (em prol de todos) e, portanto, não deveria ser favor, mas compromisso com o próprio dever para o qual foi eleito.

Aí, um ou outro mais "politizado" pode dizer: "votar certo, é votar sempre no mesmo partido (ou coligação)" e eu digo: "isso é uma grande piada!!!", já que as pessoas só se filiam a um partido porque é um pre-requisito obrigatório para se candidatar. A "ideologia" do partido é, na verdade, um mero acessório, que se usa quando tem vontade, ou interesse de ganhar alguns votos a mais.

E as coligações (santas coligações!!), conseguem transformar a democracia em outra grande piada, já que certos partidos são meros trampolins para se conseguir ou se manter em algum ministério ou secretaria e, ainda por cima, desigualam a quantidade de tempo para exposição de idéias no horário eleitoral gratuito de rádio e televisão de um candidato em relação a outro (ô democracia, onde um tem direito a mais tempo que outro.)

Não quero aqui bancar o socialista ou coisa do tipo. Até acredito que a democracia a melhor forma de governo, mas também creio que para que ela funcione de forma satisfatória, obrigatoriamente se torna necessária uma maior abertura de informações e maior acesso à educação de qualidade (não esta que "educa" um professor a não querer perder seu voto), ajudando o estudante a construir uma visão crítica da realidade que o cerca para assim fazermos um país melhor. Mas será que a intenção é realmente esta? Um país melhor? Ou será que é apenas deixar cada coisa em seu lugar e se manter no poder? Reflita um pouco e responda.

Um comentário:

Anônimo disse...

A democracia de fato é uma mera ilusão. pena que o povo se sinta livre o suficiente pra votar nos mesmos picaretas de sempre. e nos novos.enquanto escolhem entre arroz e feijão ou arroz.